sábado, 27 de julho de 2013

Andar com fé

Érima de Andrade

Nesses tempos de Jornada Mundial da Juventude, JMJ, lembrei dessa canção, Andar com Fé do Gilberto Gil. Cantemos!



Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
...(4x)
Que a fé tá na mulher
A fé tá na cobra coral
Oh! Oh!
Num pedaço de pão...
A fé tá na maré
Na lâmina de um punhal
Oh! Oh!
Na luz, na escuridão...
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá

Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Olálá!...
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Oh Minina!
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá...
A fé tá na manhã
A fé tá no anoitecer
Oh! Oh!
No calor do verão...
A fé tá viva e sã
A fé também tá prá morrer

Oh! Oh!
Triste na solidão...
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Oh Minina!
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá...
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Olálá!
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá...
Certo ou errado até
A fé vai onde quer que eu vá

Oh! Oh!
A pé ou de avião...
Mesmo a quem não tem fé
A fé costuma acompanhar
Oh! Oh!
Pelo sim, pelo não...
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Olêlê!
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Olálá!...
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá...
Olêlê, vamos lá!
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá...(4x)



quinta-feira, 25 de julho de 2013

Açúcar

Érima de Andrade

Nessa época de frio, aumenta e muito a vontade de comer um docinho. Até em mim que não sou chegada a doces...

O meu problema é com o açúcar.

Não gosto de sentir o gosto do açúcar quando como um doce. Açúcar é para temperar, para realçar o sabor, para dourar ou caramelizar. Com muito açúcar, tudo fica com o mesmo gosto. Pudim, arroz doce, doce de banana, tanto faz a receita, exagerou no açúcar, é só ele que você vai sentir.

Se alguma comida tem excesso de sal, as pessoas reclamam.
Se tem excesso de açúcar acham que ficou uma delícia!
Não ficou não, ficou horrível!

De que adianta ir a uma loja com 40 sabores de sucos se vai entupir o copo de açúcar? Tanto faz o sabor escolhido, nem vai sentir o sabor da fruta mesmo, só do açúcar. Um desperdício completo...

E cozinhar com açúcar? Um tormento!

Meus filhos eram pequenos e estavam brincando em casa com Diogo, o filho da vizinha.

Não me lembro mais como a história começou, mas de repente estávamos falando de pipoca doce.

Diogo disse que sabia fazer. “É fácil tia!”

Então tá, panela, milho, açúcar e vamos.

Ele ainda ficava recitando: “Diogo sabe, Diogo faz”, feliz da vida.

Sabia mesmo, fez mesmo e ficou ótima.

Mas a panela, que coisa...

Cinco dias de molho depois, eu ainda brigava pra tirar o açúcar grudado no fundo.

Deve ter uma ciência especial, um saber específico de como-limpar-panela-suja-de-açúcar, mas eu desconheço.

E virou uma questão de honra, eu ia limpar aquela panela de qualquer jeito!

Consegui, e qualquer receita que tenha “fazer uma calda de açúcar”, “caramelar a forma” ou qualquer coisa parecida, nem pensar!

Pode fazer aqui em casa, mas deixa tudo limpo depois, ou compra pronto, que nem suja nada, muito melhor.

Não gosto do sabor do açúcar, mas gosto de alguns doces.

O de banana, por exemplo, acho uma delícia.

Minha avó faz e fica ótimo.

Quando o doce fica vermelho, fica melhor ainda, e não tenho ideia do que faz a banana avermelhar em vez de escurecer.

Mas além de bonito, fica delicioso. Com um queijinho de Minas, é o paraíso...

Aí, chega o forno de micro-ondas.

Novo, enorme, com instruções e receitas super fáceis, descritas passo a passo.

Entre elas, doce de banana, tão fácil...

Num pirex uma camada de açúcar, uma de banana cortada em rodelas, açúcar, banana, açúcar, banana, intercalando sempre, terminando com açúcar.

Tempo e temperatura ajustados é só ligar e esperar pra ficar igual ao da foto, inclusive por que usei um pirex igual ao da foto. Simples mesmo.

O passo a passo devia incluir a limpeza do pirex depois, por que não dava pra botar aquilo na mesa, ou pelo menos ensinar como tirar dali sem sujar a cozinha toda.

Para minha surpresa o açúcar começou a borbulhar, bateu no teto, derramou, se espalhou.

Fiquei tão idiotizada olhando aquilo, que nem me ocorreu desligar o forno.

Um espetáculo de açúcar espirrando para todo lado.

Onde segurar para tirar dali antes que o açúcar endurecesse e a sobremesa virasse uma escultura?

Cola tudo na mão, pinga no chão, escorre, tem vida própria, uma melequeira.

O cheiro é ótimo, mas a banana murcha completamente, e um pirex inteiro, dá pra uma porção individual de doce.

Uma frustração completa...

Não tenho dúvidas, isso nada tem a ver com minhas habilidades, o problema é realmente do açúcar.

E do forno de micro-ondas, e da banana, e do pirex, e da qualidade de energia fornecida pela Ampla... por que é claro que isso tem uma explicação.

Eu só não sei qual é.

Publicado no Montbläat 109 de 23/9/2005

domingo, 21 de julho de 2013

Impossível

Érima de Andrade

E por não saber que era impossível, foi lá e fez.” Não sei quem é o autor dessa frase, eu a escutei como moral de uma história. Tentei achar a história no google, mas ele apenas me diz que “Ele não sabia que era impossível. Foi lá e fez.” foi escrita por Jean Cocteau.

A história era mais ou menos assim: havia um lugar, perto de uma floresta, onde os habitantes cultivavam flores. Nos arredores desse lugar havia uma montanha, e nela crescia a flor mais linda que se tinha notícias.

Um dia, o atleta mais ágil da região, tentou escalar a montanha para colher a flor e não conseguiu. Como ele era o mais ágil, todos tiveram certeza que, se ele não conseguiu, ninguém conseguiria. Essa certeza virou uma crença entre os moradores, que em poucos anos virou uma verdade absoluta naquele lugar, e ninguém mais tentou colher a flor, que passou a ser chamada de “flor impossível”.

As novas gerações nasceram, já sem saber por que a flor era impossível, mas respeitavam o aprendizado recebido dos mais velhos. E assim iam vivendo, admirando a flor de longe e sem tentar colhe-la.

Um dia chegou ao lugar um botânico muito respeitado por suas pesquisas. Ele trazia um espécime colhido nas redondezas e gostaria de se reunir com os cultivadores do lugar para saber mais sobre essa espécie, tão especial e tão difícil de ser colhida.

Foi com muita surpresa que os habitantes do lugar viram a “flor impossível” assim tão perto. Mais surpreso ainda ficou o botânico com a surpresa da situação, que por não saber que era impossível, foi lá e fez...

Eu tenho pensado muito nessa frase, e nessa história. Quantas coisas estamos deixando de fazer por acreditar que é impossível?

Sem nenhum propósito específico, e meio sem querer, eu confesso, ensinei minha gata Cléo a responder quando é chamada. Ela pode estar em cima de uma árvore, ou no seu passeio diário pela vizinhança, ou ainda escondida num dos seus lugares preferidos, que é só chamar, que ela vem para junto de onde estou.

Amantes de cães me dizem que tenho uma gata que pensa que é cachorro, por isso responde. Que maldade... Explicam que gatos são independentes impossível de serem ensinados... então tá... impossível...

O que mais é impossível de ser feito? Será que suas crenças são mesmo fundamentadas na realidade ou você aprendeu desde cedo que é impossível?

Você sabe, todos nós somos a reunião dos nossos sentimentos, pensamentos, crenças e verdades, e expressamos isso com nosso corpo, com nossa atitude. Aprender a se expressar é um aprendizado da infância, o quê, com quem e quando expressar. Na vida adulta já temos esse aprendizado interiorizado.

Mas o que trazemos são as crenças dos nossos pais e cuidadores. São outros tempos, outra vida, outras relações, mas continuamos a nos expressar como nossos pais.

Tenho uma amiga muito querida, que aprendeu com a mãe, que mulher deve usar saia sempre com anágua. Fez sentido na vida da mãe, numa época de tecidos finos, as vezes quase transparente, e a anágua dava uma velada no corpo e volume ao vestido ou saia. Mas hoje é uma opção. Não para essa amiga, que usa anágua até com saia jeans. Ela nunca questionou seu aprendizado de infância, mas se tivesse se observado, sem julgar, apenas vendo o que faz, perceberia que existem ocasiões e ocasiões para usar a anágua.

Que crenças impedem seus novos aprendizados? Você se expressa a partir dos seus sentimentos ou das suas crenças? Harmonizar sua expressão vai lhe dar segurança para expressar alegria, gratidão, amor e até elogios. Quando me dou conta, posso fazer uma movimento para me transformar. O que você precisa transformar?


Que você esteja aberto a novos aprendizados.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Pertencer, pertencimento

Érima de Andrade

Pertencer, no dicionário, tem vários significados, mas me interessa, para esse texto, o que leva a palavra pertencimento: “Pertencimento, ou o sentimento de pertencimento é a crença subjetiva numa origem comum que une distintos indivíduos. Os indivíduos pensam em si mesmos como membros de uma coletividade na qual símbolos expressam valores, medos e aspirações. Esse sentimento pode fazer destacar características culturais e raciais.

A sensação de pertencimento significa que precisamos nos sentir como pertencentes a tal lugar e ao mesmo tempo sentir que esse tal lugar nos pertence, e que assim acreditamos que podemos interferir e, mais do que tudo, que vale a pena interferir na rotina e nos rumos desse tal lugar.”

As recentes manifestações nas ruas do Brasil, mostraram o quanto fazer parte pode fazer a diferença. Foi por se sentir pertencendo que as pessoas foram para as ruas interferir na rotina e nos rumos do país.

Na medida em que o grupo se sente ator da ação em curso, o que for sendo construído de forma participativa desenvolverá a co-responsabilidade, pertencendo os resultados a todos desse grupo, pois conterá um pouco de cada um.” Ana Lúcia Amaral

Mas quero falar dos amigos, onde pertencimento significa que as pessoas pensam em si mesmos como membros de um grupo, com símbolos, valores, histórias e aspirações em comum. O ser humano, precisa se sentir ‘em casa’, ou seja, pertencendo a algo, ser reconhecido e reconhecer, ser identificado e identificar seus pares, e ter certa relação de ser parte de um todo maior, que o acolhe e o protege, como nas amizades.

Esse sentimento de pertencimento surge enquanto o grupo desenvolve sua relação que pode ser a partir de uma atividade, como por exemplo o grupo da meditação, o da academia, o do teatro. O grupo pode ser formado por familiares. O grupo pode ser formado por colegas de trabalho ou por tantas outras formas de participar, onde você se reconhece e se identifica.

O que caracteriza cada grupo é a maneira como ele foi construído, como se relaciona com as diferenças entre os membros, como recebe novos participantes, e como é visto por cada um nas suas próprias relações sociais.

De qualquer maneira, quando a característica desse grupo é sentida subjetivamente como comum, surge o sentimento de pertinência, de pertencimento.

Construir relações de amizade que levem ao sentimento de pertencimento não tem preço. Se sentir pertencendo pode acontecer tanto num convívio temporário, quanto num permanente. E mesmo assim aquele grupo, aquele espaço, aquela lembrança, será sempre uma referência, será sempre um lugar para voltar e se sentir acolhido. E amigos assim, continuam amigos mesmo que deixem de conviver.

Mas para pertencer a um grupo é preciso participar. É preciso deixar a crença de ser diferente dos outros, de ser incapaz de se relacionar, de não fazer parte de grupo nenhum.

Vem da infância a crença que faz a pessoa desenvolver essa sensação tão horrível de não pertencimento. É a crença, ou o fato, de que na sua família foi diferente, de ter uma família que de alguma forma foi muito diferente das demais por questões sociais, ou financeiras, ou pela raça, ou pela origem, ou por problemas em casa, ou por alguma característica específica, qualquer coisa, que faça essa família se destacar e ser diferente, gera a crença de não pertencer.

Com essa consciência é possível agir contra essa crença e se responsabilizar pelas consequências. Pertencer também é uma escolha. Clarice Linspector escolheu não pertencer, e nesse texto ela descreve muito bem a necessidade e a dificuldade de pertencimento:

Um amigo meu, médico, assegurou-me que desde o berço a criança sente o ambiente, a criança quer: nela o ser humano, no berço mesmo, já começou.

Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça.

Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus.

Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso.

Com o tempo, sobretudo os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova de "solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro.

Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço.

Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos.

Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa.

Quase consigo me visualizar no berço, quase consigo reproduzir em mim a vaga e no entanto premente sensação de precisar pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu nasci e fiquei apenas: nascida.

No entanto fui preparada para ser dada à luz de um modo tão bonito. Minha mãe já estava doente, e, por uma superstição bastante espalhada, acreditava-se que ter um filho curava uma mulher de uma doença. Então fui deliberadamente criada: com amor e esperança. Só que não curei minha mãe. E sinto até hoje essa carga de culpa: fizeram-me para uma missão determinada e eu falhei. Como se contassem comigo nas trincheiras de uma guerra e eu tivesse desertado. Sei que meus pais me perdoaram por eu ter nascido em vão e tê-los traído na grande esperança.

Mas eu, eu não me perdoo. Quereria que simplesmente se tivesse feito um milagre: eu nascer e curar minha mãe. Então, sim: eu teria pertencido a meu pai e a minha mãe. Eu nem podia confiar a alguém essa espécie de solidão de não pertencer porque, como desertor, eu tinha o segredo da fuga que por vergonha não podia ser conhecido.

A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho!”

Que dores impedem você de pertencer?
O que você tem feito para estar num grupo?
Lembre que o sentimento de pertencimento tem a ver com a noção de participação, e responda, como você participa?

Que você encontre o seu lugar de pertinência.



domingo, 14 de julho de 2013

Exercício para a longevidade

Érima de Andrade

Na matéria 18 modos de viver 100 anos, da revista Seleções de julho de 2013, o Dr Marios Kyriaziz, assessor médico da Sociedade Britânica de Longevidade, afirma que “sair todo dia, deliberadamente, da sua zona de conforto é uma boa dica para aumentar a longevidade.”

Explica Dr Marios: “sair da zona de conforto provoca um leve estresse cerebral e danifica alguns neurônios. Ao reparar esse dano, o corpo também repara outros ligados ao envelhecimento.”

Ele dá alguns exemplos de como sair da zona de conforto: escrever com a mão não dominante, defender uma opinião contrária as suas crenças, ouvir músicas que detesta, ler de cabeça para baixo.

Então para você ir treinando e ficar mais jovem, eis um pequeno texto assinado por Maureen Van Veld:

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Resistência e Síndrome do Amor negativo

Érima de Andrade

A primeira etapa a ser vencida numa terapia é a resistência. Resistência é sempre medo da dor. De modo geral, as pessoas buscam uma terapia para aprender a lidar com uma dor específica. Mesmo assim, elas passam por um período de resistência.

Resistência aqui, é o termo criado por Freud para designar a resistência que o cliente apresenta em relação ao próprio tratamento. Para a psicanálise, resistência designa tudo o que se opõe ao acesso do cliente ao seu inconsciente. Apesar da origem psicanalítica, o termo também é utilizado por outras correntes psicoterapêuticas, sendo resistência tudo aquilo que atrapalha a continuidade do trabalho terapêutico. Em qualquer caminho terapêutico, será preciso
buscar uma compreensão dos mecanismos mentais que alimentam a resistência.

Psicanálise é um método de compreensão e intervenção nos fenômenos psicológicos. Mas existem outros. Bob Hoffman, por exemplo, criou o método chamado Processo Hoffman da Quadrinidade, e para ele, a resistência impede que se acesse, no inconsciente, a nossa dor básica que é se sentir indigno de ser amado. Bob Hoffman chamou essa dor de Síndrome do Amor Negativo. O amor negativo nada mais é do que o estado de se sentir indigno de ser amado, e o resultado é a culpa, o sentimento de não ser amado e de não poder dar amor livremente.

Pelo método Hoffman, a Síndrome do Amor Negativo é a origem da falta de auto-estima e de problemas emocionais como depressão, ansiedade, síndrome do pânico e outros. O problema tem início quando as pessoas adotam comportamentos, atitudes e traços negativos de seus pais, na esperança de que eles as aceitem e as amem incondicionalmente. Adotamos esse traços na infância, mas as consequências surgem na vida adulta, quando continuamos a usar esses traços de forma inconsciente e compulsiva. Essa é a nossa dor raiz, e contra a descoberta/confirmação de que não fomos incondicionalmente amados, que criamos resistência.

Na infância copiamos todos os traços e comportamentos dos nossos pais, na esperança de que se fossemos igualzinho a eles seriamos amados. Internalizamos esses comportamentos, tanto os positivos como os negativos, e mesmo não gostando frequentemente nos observamos agindo exatamente igual. “Eu odiava quando ele (ou ela) fazia isso, e agora eu estou aqui fazendo o mesmo”.... Essa é a síndrome, nos tornamos compulsivos e automáticos na repetição dos traços dos nossos pais na esperança ainda hoje, de sermos aceitos como somos.

A síndrome é poderosa e todos nós somos afetados por ela todos os dias, em um nível pessoal e coletivo. Por exemplo, se a crítica é um traço que você adotou dos seus pais, ou pais substitutos, você pode ser uma pessoa autocrítica, ser crítico com os outros ou criar situações em que os outros sejam críticos com você. É assim que os traços adotados atuam na Síndrome do Amor Negativo.

Seus pais fizeram o melhor, e se você está vivo hoje, pode apostar que você recebeu um amor de muita qualidade, mesmo não sendo o amor incondicional que você precisava. Quando não é o amor incondicional, é amor negativo. Mas, segundo Bob Hoffman, existe solução, e um caminho para nos livrarmos do amor negativo: o perdão. Somente quando formos capazes de perdoar nossos pais, poderemos então nos perdoar por sermos iguais a eles, e nos amar verdadeiramente.

Mas não pode ser um perdão da boca para fora, é preciso perdoar experimental, emocional e intelectualmente. É preciso chegar a um profundo senso de compreensão, sem condenação. É preciso que haja aceitação pelas crianças que nossos pais foram um dia. Só então poderemos aceitar e amar os adultos que eles se tornaram, poderemos amá-los por quem são, sem expectativas irreais. E aí, seremos livres para amar plenamente, livres para sermos nós mesmos.

Seus pais deram o amor possível, o amor que receberam. Não falta nada em você. Seu eu real positivo sempre esteve aí. Infelizmente, devido a infância que seus pais tiverem, eles não souberam como fortalecer sua essência perfeita. Eles mesmos não tiveram suas essências fortalecidas, nunca aprenderam a honrar, respeitar e amar a eles mesmos, então, como nos poderiam dar o que nunca tiveram? Fossem eles capazes de honrar suas essências, teriam honrado as nossas e teríamos sido nutridos de amor e criados com um profundo senso de segurança interior. Mas isso não aconteceu.

Agora você pode escolher vencer a resistência, encarar a sua dor e se livrar do amor negativo. Haverá sempre esperança de que a vida possa ser vivida em paz amorosa no presente e no futuro. Repito, é preciso encontrar compreensão sem condenação por seus pais, compaixão pela infância que eles tiverem, perdão pelo que fizeram com você e por tudo que você fez a eles, aceitação total deles por quem e o que foram e são hoje em dia.

Não há meta ou conquista mais valiosa na vida do que acabar com o eterno e perene tagarelar negativo em nossas cabeças e encontrar paz interna.” Bob Hoffman

Mas você não precisa fazer esse caminho sozinho, você pode ter ajuda. Vamos conversar sobre isso?

domingo, 7 de julho de 2013

Disciplina, regras e rotina

Érima de Andrade

Toda criança precisa de disciplina, regras e rotina”, diz a Supernanny da TV. Eu concordo com ela. É preciso ter limites para conquistar a segurança; respeitar os limites é fundamental para a segurança emocional, e disciplina, regras e rotina, ajudam a nos dar esses limites.

Educar é permitir e proibir. Permitir é dar asas para ousar, criar, experimentar. Proibir é dar raízes para ter o pé na realidade. Educar é auxiliar o filho a reconhecer suas potências e seus limites,” escreveu Edileide Castro. Educar também é ensinar o autocontrole, quer dizer, ajudar para que a criança conheça e aprenda a dizer “este é o meu limite. E eu sei quando devo parar.” A disciplina ajuda a conquistar esse controle.

A palavra disciplina indica disposição de seguir ensinamentos e regras de comportamento. Disciplina vem de discípulo, “aquele que segue”. Disciplina e discípulo tem origem no termo latino “pupilo”, que significa instruir, educar, treinar, ou seja, modelar o caráter.

A disciplina é um hábito interno que facilita a cada pessoa o cumprimento de suas obrigações; é um autodomínio, é a capacidade de utilizar a liberdade pessoal para superar os condicionamentos.” Wikipédia

Com disciplina a criança aprende a administrar sozinha suas tarefas e melhora suas competências. Aprendendo desde cedo a se organizar, ela conquista a autodisciplina e também sua autonomia. E não é autonomia o que queremos para nossas crianças?

Ninguém se disciplina sozinho”, diz Paulo Freire, que completa: “Os homens se disciplinam em comunhão, mediados pela realidade".

Que saibamos nos disciplinar e servir de exemplo.

Regras: Viver em sociedade significa lidar com regras o tempo todo. Mas será que desde pequeno é preciso conviver com normas e regras? Quando se avaliam os benefícios, a resposta fica clara: sim.

Os jogos de regras, aqueles que se jogam em grupo segundo normas preestabelecidas e visando um objetivo, são importantes na Educação Infantil. Além de mostrar que as restrições podem representar desafios divertidos, eles desenvolvem questões importantes, como a adequação a limites, a cooperação e a competição,explica Thais Gurgel que continua, “o principal ponto, no início, é que as regras sejam compreendidas e que todos se adaptem a elas. Esperar a vez é uma das determinações mais difíceis de cumprir. Assim, não é aconselhável formar grupos grandes. A primeira satisfação da criança é se sentir ativa e participante. Isso determina seu interesse pela atividade.”

O amor é coisa mais importante que se pode dar a um filho. A segunda é a educação. Uma criança que conhece os seus próprios limites, é uma criança segura de si. Sabe que consegue controlar-se e este fato a deixa muito orgulhosa. De acordo com Selma Fraiberg, a autora de The Magic Years, uma criança a quem não se ensina como se comportar sente que não a querem.

Quer que seu filho tenha sensações como acolhimento, segurança e pertencimento? Compreenda as regras e ensine-o a conviver bem com elas.

Rotina: Rotina é a estrutura básica, a espinha dorsal das atividades do dia. A rotina diária é o desenvolvimento prático do planejamento.

Explicam Viviane Santos e Karla Baptista, “a rotina proporciona à criança um sentimento de segurança, e organização. Quando ela sabe o que vai acontecer durante o dia, a ansiedade é eliminada sendo possível trabalhar a confiança e autonomia.”

A rotina desestruturada pode causar estresse em crianças e adultos. Mas isso não significa que a rotina precise ser rígida, sem espaços para imprevistos, invenções e mudanças. Uma rotina pré estabelecida, flexível, dinâmica e possível de ser adaptada com as situações do dia a dia, é uma ferramenta indispensável. E ela pode ser rica, alegre e prazerosa, proporcionando sentimentos de estabilidade e segurança, possibilitando que a criança se oriente na relação tempo-espaço e se desenvolva, além de estimular a socialização.

A rotina é importante, ela é o alicerce da criança. Quanto menores de idade, mais estável a rotina precisa ser. As crianças antecipam o que farão e tem mais segurança em suas tentativas. Não saber o que vai acontecer reduz a autonomia,” explica Janaina Maudonnet. “Além disso, a rotina não quer dizer necessariamente repetição. Com a rotina as crianças tem oportunidade de testar suas habilidades, tentar de novo o que havia iniciado antes, reorganizar e reviver experiências.”

Diversos tipos de atividades envolverão a jornada diária das crianças e dos adultos: o horário da chegada, a alimentação, a higiene, o repouso, as brincadeiras – os jogos diversificados – como o faz-de-conta, os jogos imitativos e motores, de exploração de materiais gráficos e plásticos – os livros de histórias, as atividades coordenadas pelo adulto e outras”, afirmam Maria Carmen Barbosa e Maria da Graça Horn.

Numa rotina, a sequência de diferentes atividades levam em conta as necessidades biológicas, psicológicas e sociais:
as necessidades biológicas, como as relacionadas ao repouso, à alimentação, à higiene e à faixa etária; as necessidades psicológicas, que se referem às diferenças individuais como, o tempo e o ritmo de cada um; as necessidades sociais e históricas que dizem respeito à cultura e ao estilo de vida.

Se com disciplina a criança aprende a administrar sozinha suas tarefas e melhora suas competências; com as regras a criança conhece os seus próprios limites, se tornando segura de si; com a rotina ela estrutura a independência e autonomia, gerando um sentimento de segurança, e organização.

Por tudo isso, eu concordo com a Supernanny: toda pessoa precisa de disciplina, regras e rotina.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Ficando velha...

Érima de Andrade

Da minha amiga Márcia Alves

Se descobre que está ficando “velha” quando...

...emendar balada com trabalho já não é tão simples assim.
...finalmente se entende que não adianta espernear que ele não volta.
...conselho de mãe faz todo sentido.
...se percebe que homem misterioso/confuso na verdade é um porre;
...a companhia é mais importante que o lugar;
...a baladinha da moda que todo mundo vai é o último lugar que você quer ir.
...nos damos conta que é mortal e as pessoas que amamos também (portanto, reclame menos e aproveite mais).
...o que as pessoas falam sobre você realmente não interessa, a não ser que seja alguém muito querido.
...ser feliz fica mais simples e você começa a dar valor ao que realmente tem.
...ficar "velha" passa a ser sinônimo de maturidade!”Márcia Alves

Fato!